“O hospital tem a política de não
prolongar internações para esvaziar leitos", teria dito a assistente
social do Hospital São José a Alexandro Lopes da Silveira
Atualização de status (Facebook)
De Alexandro Lopes da Silveira
Amigos do Facebook, aqui estou eu!
Bem, peço que leiam com atenção esse
caso:
Meu pai, como muitos sabem vem
lutando desde Março pela vida. Cardíaco, hipertenso, diabético e renal crônico
ele se encontra atualmente internado no Hospital São José. Desde sua internação
eu estou parado. Declinei de três ofertas de emprego (que preciso!) para
acompanhar o tratamento lento e penoso. Recentemente, como muitos devem ter
acompanhado o setor de hemodiálise do São José foi interditado por contaminação
por hepatite C. Meu pai como mencionado faz hemodiálise. Minha mãe não abre mão
de acompanhar ele, sim, ela passou 15 dias dormindo no chão do quarto, pois ela
quer estar ao lado de seu companheiro de 48 anos de união, com o qual vai se
casar no religioso assim que ele sair do hospital. Foi ele quem propôs a ela
casarem-se no religioso. Bem, qual não foi minha surpresa ontem 3 de Outubro ao
receber uma ligação da assistência social do hospital dando conta do “abandono”
do paciente Daniel Lopes (Meu pai), o que estaria causando um quadro de
depressão por falta da companhia de familiares. Não. Não era só isso, ele
estava de alta! Sim. Meu pai que entrou no hospital andando, tomando banho
sozinho e falando pelos cotovelos foi dado como apto a voltar para casa sem
andar, falando muitas vezes sem eloquência, cheio de dores e com um cateter no
pescoço e uma recente cirurgia nas pernas. Ao conversar com a assistente social
o argumento dela me assustou, ela disse: “O hospital já fez o que podia pelo
senhor Daniel. Agora cabe a família e a secretaria de saúde municipal a dar
mobilidade a ele” Diante de meu questionamento sobre os curativos que devem ser
trocados periodicamente ela foi categórica “Ou vocês mesmos trocam, ou levam
num posto de saúde ou se tiverem condições contratam uma enfermeira para fazer
a troca” (Lembro que ele está acamado), talvez ela ache que meu pai foi
internado pelo SUS por contenção de despesas! Quem sabe? Talvez eu seja laranja
de um esquema de fraudes em Brasília! Ou até tenha cara de rico! Se eu tivesse
condições meu pai estaria no Sírio e Libanês, já que é lá que Sarney, José
Dirceu e Dilma ministram sua longevidade. Quando ainda aleguei que onde moramos
há uma escada e que meu pai sofreu seu primeiro infarto subindo seus quase cinquenta
degraus a “assistente social” prontamente interrompeu e reforçou “o hospital
tem a política de não prolongar internações para esvaziar leitos. Como eu já
falei seu Daniel esta de alta. Cabe a família e a secretaria de saúde dar
mobilidade a ele.” Eu então questionei quanto a sessão de hemodiálise a qual
ele teria de se submeter hoje, 4 de Outubro, e estando ele impossibilitado de
locomover-se haveria um certo impedimento para levá-lo ao Pedrão ás 14:00 para
que ele fosse levado numa viagem de 72 Km tendo de tomar 42 comprimidos
diários, ela respondeu “Esse é outro ponto, é com a secretaria de saúde. O
senhor deve procurar eles e eles verão o que pode ser feito”. Minha mãe
perguntou se poderíamos voltar no dia seguinte para buscá-lo, já que ele se
queixava de dores e nós ainda não tínhamos um esquema preparado para o retorno
de um homem que teve três infartos, estava com um cateter no pescoço e acamado
por tempo indeterminado. Resposta? Foi exatamente essa “O cateter será retirado
quando se proceder a cirurgia de fistula. Isso é um procedimento futuro. O
paciente esta de alta, caso fique ele não receberá nem alimentação nem será
medicado já que para o hospital ele esta de alta.” Bem amigos, fui a secretaria
de saúde, um funcionário que não se identificou me disse que o hospital São
José esta sobrecarregando a secretaria de saúde com esse “procedimento” de
colocar de alta pacientes acamados para liberar leitos. A verdade é que quem
ver meu pai verá que ele não tem condições de ter alta. Para que tenham uma ideia,
após correr até a secretaria de saúde onde fui “MUITO BEM ATENDIDO” diga-se,
tendo tido toda a atenção por parte dos funcionários voltei ao hospital na
companhia de um amigo advogado. Após algum tempo a alta foi revogada já que meu
pai realmente apresenta um quadro não tão propicio a voltar para casa. Dilma,
não adianta somente trazer médicos. Tem que se criar um setor de auditoria
permanente. Um paciente com tuberculose não pode passar o dia com a porta do
quarto escancarada enquanto um que acaba de sair do CTI cheio de pontos é
colocado no quarto ao lado. A equipe de enfermeiros do São José é extremamente
humana e atenciosa. Os médicos são profissionais e competentes, mas se a
política do hospital é esvaziar leitos dessa forma desumana, então eu proponho:
Mudem de ramo.